Zeus

 

 

O mesmo que Júpiter para os romanos é o deus supremo do mundo. Filho de Crono e Réia, é também chamado, por excelência, pai dos deuses.

Foi depois de ter destronado seu pai que dividiu com seus irmãos (Posseidon e Hades) o domínio do mundo.

A realeza divina está exposta ao risco da decadência e, no jogo das forças onde os deuses se medem, o soberano deve exibir seu poder a fim de se valorizar. Há a necessidade de reconfirmar um poder que não se impõe aos deuses por legitimidade absoluta e inabalável, mas que é preciso demonstrar e até mesmo defender contra tentativas reais de subversão.

A tirania absoluta pertence a um tempo remoto; quando um pai angustiado, temendo perder seu cetro, devora os filhos. Esse pai, Crono, queria todo o poder só para si e para sempre - sem partilha ou revezamento. Um dos filhos salvo pela mãe, Réia, sobreviveu e destronou o déspota, foi Zeus e, com ele, inaugurou-se o tempo de um poder menos totalitário, porém mais real e aberto.

Presidia os fenômenos atmosféricos. Assim, criava os relâmpagos e o trovão, lançando a chuva com sua poderosa mão direita. Podia usar o seu raio em caráter destruidor; por outro lado, era capaz de mandar chuva benéfica para as plantações.

O grande Zeus nunca deixou de punir os homens que mentiam e quebravam seus juramentos, enfurece-se com qualquer tratamento hostil endereçado aos mortos. A justiça tornou-se companheira de Zeus.

É um deus muito ativo, totalmente vivo e com os dias cheios de vida e inúmeros projetos.

Na Odisséia, Zeus atinge um nível mais elevado.

Casou-se com Hera, porém teve muitos amores.

Senhor do céu, habitando as montanhas cheias de sol, como vêem os poetas.

Fídias esculpiu sua estátua, em que os atenienses pensavam ver simbolizadas a força e as virtudes de Zeus.

 


Ruínas do Templo de Zeus (Antigo Estádio de Olímpia, na Grécia)
Foto: Pedro Martinelli - Fonte: Almanaque Abril

Zeus e a Guerra de Tróia

Zeus é um deus poderoso e desleal. Sente-se no dever de uma conduta elegante quando se trata de uma divindade a quem deve um favor, Tétis; da mesma forma mostra-se desatencioso com o rei humano a quem outrora dera sua palavra, Agamenon.

Sem dúvida, o rei dos deuses só traiu seu homólogo grego temporariamente, para dar-lhe um castigo. Claro que o rei desconhece os motivos de Zeus e revolta-se contra ele.

Agamenon não sabe dos planos de Zeus, porque o pensamento dele é inacessível aos deuses (com exceção dos casos em que ele mesmo os informa), quanto mais aos homens, por mais valorosos que sejam.

Apesar de todo seu poder, Zeus fracassou uma vez; perdendo para a astúcia de Hera. Foi no nascimento de Héracles - filho de Zeus e Alcmena. Hera, enciumada com o que disse o marido (que o primeiro a vir ao mundo seria o dono de um imenso poder e o rei de Micenas), faz com que Eristeu, filho de Estênelo, nasça de sete meses e antes de Héracles.

Na realidade, Zeus não se esquece do compromisso assumido com os gregos. O fato da cidade de Tróia cair tratava-se, somente, de lavar a honra de Aquiles e sua mãe (Tétis), em primeiro lugar.

Durante a maior parte da narrativa, tudo se passa sem que deuses ou homens compreendam nada do encadeamento das circunstâncias e gestos. Os homens combatem cegamente e cada um dos deuses conduz seu próprio jogo, ignorando o projeto global pretendido pelo único e verdadeiro estrategista: Zeus.

Só o rei dos deuses conhece os movimentos alternados dos exércitos, o encadeamento dos feitos heróicos, uma morte respondendo a outra morte. Esse arranjo permite-lhe manter as duas promessas - fazer cair Tróia e honrar Aquiles e Tétis.

A intriga da Ilíada cabe inteira numa confidência de Zeus a esposa: os aqueus serão obrigados a fugir diante de Tróia, graças a Apolo que deve enchê-los de covardia. Na fuga, buscarão a nau de Aquiles, o herói ultrajado. Este fará levantar seu amigo, Pátroclo, que será morto por Heitor. Em represália, os gregos partirão ofensivamente de seus navios e tomarão a sagrada Ílion, obedecendo à vontade de Hera e Atena.

 

Zeus x Posseidon

Todos os deuses reclamam de Zeus, mas se acovardam diante de suas ameaças. Porém, Posseidon é o único deus a discutir a legitimidade da supremacia do irmão mais velho.

Durante a guerra de Tróia, Zeus é distraído da batalha por Hera, que aliou-se a Posseidon para intercederem a favor dos gregos. Quando Zeus percebe que foi enganado, ameaça Hera que joga toda a culpa para Posseidon. Irado, Zeus ordena que o irmão pare de combater ao lado dos troianos. vem à tona a questão da partilha do mundo, dividido em três partes.

Posseidon pondera com o irmão que a Terra, assim como o Olimpo, é um bem comum a todos os deuses. Mas Zeus vence por seu poder obedecer a um princípio que estabelece o direito da primogenitura. Diante desse argumento, Posseidon sensatamente inclina-se.

Em seu imponente poder, Zeus não se contenta somente com o reconhecimento da legitimidade de seu poder por parte do irmão e quer vingança. Não importa a demora, o tempo dos deuses é eterno. Assim, a revanche só se dará em Odisséia.

Um dia, Posseidon está distraído - ausente, tendo ido a um banquete na terra dos etíopes. Então, Zeus manda Ulisses partir da casa da deusa Calipso. Era Posseidon que mantinha Ulisses cativo na casa da amante, longe de casa, como castigo por ter ferido seu filho, o Ciclope. Somente com a ajuda de Zeus, o herói consegue retorna a casa.

Para se vingar, resta a Posseidon causar tempestades incessantes, mas sem resultados.

Logo, percebe-se a rivalidade fraternal presente nas duas obras homéricas.