Parte II
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César e vencedor de LicínioFausta,
Constantino e o Império no séc. IV
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Constantino, além de mandar executar Licínio, seu cunhado,
e o filho dele, Licínio II, em 325, depois de prometer publicamente
não fazê-lo (Eusébio de Cesareia cita em seus escritos que Licínio
estava à frente de uma série de intrigas), meses depois mandou executar
Crispo, seu filho mais velho (seu
na batalha naval de Crisópolis, em 324), o que lhe permitiu o acesso
ao Bósforo e às províncias orientais de Licínio.
As razões dessa execução ainda são um tanto obscuras. Alguns
historiadores como Zósimo, no século V, e João Zonaras, no
século XII, relatam um envolvimento amoroso entre a madrasta,
Fausta (293-326), filha de Maximiano, também condenada à morte,
por adultério, e Crispo (305-326).
Outras teorias acrescentam que Fausta estava com medo de
que o filho do primeiro casamento fosse o sucessor de Constantino;
e Crispo, filho de Constantino com Minervina (pouco sabemos
dessa união), educado por Lactâncio, já havia demonstrado
sua competência como militar e administrador sendo considerado
como o neto favorito de Helena (mãe de Constantino). Influenciado
pela mãe e atormentado após descobrir a inocência do filho (causa
principal da condenação de Fausta), Constantino teria aceito o batismo,
que segundo Eusébio de Cesareia, perdoaria seus pecados.
O compositor italiano Donizetti, em 1831, escreveu a ópera
que narra boa parte dos acontecimentos.
Durante todo o seu reinado, dedicou-se a reformar profundamente
o Império. Modificou a composição do Senado, cujo
conselho estava composto por 600 membros, aumentando para
2.000 magistrados. Outra inovação foi a reforma da prefeitura do
pretório: os comandantes da guarda imperial se converteram em
altos funcionários provinciais, dotados de amplos poderes civis,
responsáveis por manter a ordem pública e as finanças.
Apesar de não retornar à antiga forma de governo de que seu
pai fez parte, Constantino limitou-se, dois anos antes de sua morte,
a dividir o governo dos territórios em cinco partes: três partes, as
maiores, seriam entregues a seus três filhos; as outras duas, a três
de seus sobrinhos. Ou seja: coube ao filho mais velho, Constantino
II, a Bretanha, a Gália e a Espanha; Constâncio II ficou com a rica
parte oriental do Império, que desde 333 governava como César em
Antioquia; o mais jovem, Constante, ficou com a Itália, a África e
a Panônia. Os primos Flávio Júlio, Dalmácio e Anibaliano ficaram,
respectivamente, com os Bálcãs e a Ásia Menor.
A ascensão de Constantino esteve ligada à transformação
do Cristianismo. Os relatos de Eusébio de Cesareia, seu biógrafo,
retratam o sonho de Constantino, à tarde, antes da batalha da ponte
Assim venceu o usurpador Maxêncio. Essa passagem éHistória Eclesiástica e De Vita Constantini. A tradição cristãΧΡ), acompanhada dain hoc signus vinces (com esse sinal vencerás). Constantino☧), ΧΡ, as iniciais da palavra Cristo em grego,sol invictus. Ele se consideravapontifex maximus (Sumo Pontífice, sacerdote do Colégiosolidus, diminuindo oaureus (antiga moeda de ouro). Essa moeda teve a primeira
Cláudio Umpierre Carlan
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Mílvia. Ordenou pintar nos escudos de suas tropas o monograma
cristão (
citada por Lactâncio e Eusébio de Cesareia, este último a cita duas
vezes: na
diz que pouco antes de entrar em combate contra Maxêncio, o imperador
“rezava e fazia frequentes súplicas”, segundo o seu amigo
e biógrafo Eusébio de Cesareia, quando surgiu um sinal divino no
céu: as iniciais da palavra Cristo em grego (
inscrição
teria mandado pintar o sinal nos escudos dos soldados, vencendo,
assim, a batalha. Segundo o retórico cristão Lactâncio, contemporâneo
de Eusébio de Cesareia, a visão de Constantino ocorreu durante
o sono, pouco antes do combate. Lembramos, ainda, que Eusébio
escreveu a sua obra em grego, e Lactâncio, em latim.
O símbolo (
pode ser encontrado na bandeira do Estado do Vaticano, na estola
dos bispos católicos e na sacristia das igrejas, entre outros lugares.
A data do Natal, 25 de dezembro, foi oficializada por Constantino.
Era o dia do culto ao Deus Sol, Apolo. Antes disso, o Natal era
comemorado no dia 6 de janeiro (hoje dia de Reis). Na época, para
popularizar a religião, trocavam as datas festivas.
Constantino tinha inicialmente uma religião solar, de tendência
monoteísta, culto ao Sol ou
inspirado por um Deus Único, mas mal definido, e mantinha as
funções de
dos Pontífices, mais alto cargo religioso em Roma, desde o século
VII a.C.) e mestre do paganismo.
O historiador paulista Pedro Paulo Funari define essa suposta
conversão de Constantino como um jogo político. Segundo o autor:
Assim o imperador Constantino concedeu aos cristãos, por meio do
chamado Edito de Milão, em 313, liberdade de culto. Em seguida,
esse mesmo imperador procurou tirar vantagem e interveio nas
questões internas que dividiam os próprios cristãos e convocou um
concílio, uma assembleia da qual participavam os principais padres
cristãos. Nos Concílios foram discutidas as diretrizes básicas da doutrina
cristã. Depois, Constantino cuidou pessoalmente para que as
determinações do concílio fossem respeitadas, ou seja, passou a ter
um controle muito maior dos cristãos e suas ideias. Antes de morrer,
o imperador resolveu batizar-se também (FUNARI, 2002, p. 143).
No campo econômico, com o intuito de controlar a inflação,
Constantino criou uma nova moeda de ouro, o
peso do
solidus circulava só entre a elite político-econômica,miliarense, moeda de prata que poderiasolidus aureus. Quanto à massa emrationalis, cedeu lugar ao conde; e o procurator rei privatae passou a ser chamado
conde dos bens privados para que revertessem as rendas do confiscados, das terras municipais e os recursos dos templos. De fato, a política constantiniana de grandes despesas não conseguiu deter a inflação. Um fato importante que gerava o aumento dos preços era a prática do fornecimento de pão, que a princípio era gratuito, passando, em seguida, a um preço reduzido, bem como as distribuições de azeite e de carne de porco, que aumentaram à medida que eram ampliadas as fronteiras imperiais. Com a morte de Constantino em 337, teve início um período de lutas internas pelo poder. Os numerosos meios-irmãos e sobrinhos de Constantino foram assassinados por políticos poderosos. Constâncio II defendia uma sucessão dinástica ordenada, livre da disputa entre os diversos ramos da família. Essa ideia, assassinato dos membros da família, foi defendida por Helena (futura Santa Helena), mãe de Constantino, sendo provável que Constâncio II, o homem-forte do novo regime, tenha ordenado o massacre. Deixou vivos, por razões sucessórias (também como refém) os jovens primos Constâncio Galo e Juliano. Mais tarde, ambos assumiram a função de Depois da morte de Constantino em 337, o massacre de seus familiares, a morte de Constantino II (317-340) e Constante (320- 350), o Império retorna às mãos de um único senhor, Constâncio II (317-361), responsável pelo reinado mais longo do século IV, após a morte do pai. Os problemas administrativos e a questão sucessória levam Constâncio a nomear seu primo, Constâncio Galo como
intrigas palacianas e a instabilidade de Galo levam-no a ser executado
sob a acusação de traição. Seu irmão Juliano é chamado à
presença de Constâncio em
Mediolanum (Milão). Em 355, foi nomeadoCésar
imperador. Nos anos seguintes, lutou contra as tribos germânicas
que tentavam entrar em território do Império. Nesta luta, distinguiuse
como estrategista, administrador e legislador. Recuperou Colônia
Agripina (Colônia, Alemanha) em 356, derrotando os alamanos (em
Argentoratum, na Batalha de Estrasburgo, França / Alemanha)
assegurando a fronteira do Reno por outros cinquenta anos.
Em 360, Constâncio lhe ordenou transferir suas tropas da
Gália, comandadas por Juliano, para o exército do leste. Tanto Juliano
quanto seus soldados não gostaram da atitude de Constâncio,
o que provocou uma insurreição que fez com que as tropas da Gália
proclamassem Juliano,
luta propriamente dita entre Constâncio e Juliano. Constâncio II
morreu de peste (peste bubônica, muito comum na época) quando
se deslocava para a Gália. As próprias legiões de Constâncio reconheceram
Juliano como único imperador.
Como profundo conhecedor da lei, Juliano elaborou um
corpo legislativo e restabeleceu a posição dos senadores municipais
e recuperou o estado lastimável em que se encontravam as
cúrias. É bom lembrar que a aplicação de suas leis ocorreu em
todo o território romano, ocidental e oriental. Influenciado pelos
fundamentos aristotélicos sobre a lei, tentou associar essa teoria
com a sua prática legislativa.
Durante a luta contra os persas sassânidas, Juliano sofreu um
ferimento mortal por uma flecha ou lança. Libânio, filósofo e amigo
pessoal do imperador, escreveu que Juliano foi assassinado por
um soldado cristão de seu próprio exército, embora essa acusação
não fosse corroborada por Amiano Marcelino nem por nenhum
outro historiador contemporâneo. Joviano, seu sucessor, governou
apenas oito meses.
da parte ocidental do Império e casou com a irmã doAugustus e novo imperador. Não houve umaValentiniano e Teodósio: uma nova dinastia?
Valentiniano I (321-375), antigo comandante militar durante
o governo de Juliano e Joviano, foi proclamado imperador pelo
exército de Niceia. Instalou-se em
(Milão) e associou-se
ao seu irmão Valente. Conseguiu expulsar os alamanos da Gália e
estabeleceu a paz na Bretanha, sufocando uma série de revoltas.
No ocidente, Valentiniano I foi sucedido por seus filhos Graciano
e Valentiniano II, que na ocasião estavam com 16 e 4 anos.
Ambos foram controlados, reciprocamente, por seus conselheiros. Es-
Mediolanum
ses governos não foram suficientemente fortes, e o usurpador Magno
Máximo assassinou Graciano em Lion (França) e instalou sua corte
em Trèveres (Trier, Alemanha), esperando o reconhecimento de seu
poder por parte de Teodósio, que governava o oriente desde 379.
Teodósio I (346-395), filho de Flávio Teodósio, um general
de Valentiniano I, condenado à morte por Valentiniano I, recebeu
de Graciano a parte oriental do Império em janeiro de 379. Seus
primeiros anos de governo estiveram ligados aos problemas com os
invasores godos. Em 382, firmou um tratado com eles, por meio do
qual poderiam se estabelecer em território romano, porém deveriam
integrar-se ao exército como federados. Mais tarde, Teodósio assina
um acordo com os persas sassânidas, poderoso império rival de
Roma no século IV.
Durante o ano de 387, Máximo invade a Itália, destronando
Valentiniano II, que consegue refúgio no Oriente com Teodósio.
Em resposta, o Imperador do Oriente marchou contra Máximo em
388, vencendo o usurpador, que morreu em combate. Restabeleceu
assim, Valentinano II como Imperador do Ocidente.
Um ano depois, Valentiniano aparece morto, supostamente
por suicídio. Arbogasto, general franco, escolhe Flávio Eugênio
como Imperador. Eugênio, pagão, tenta restaurar o culto aos deuses,
sendo derrotado e morto pelas tropas de Teodósio em Aquileia. O
Império é unificado pela última vez. Toda a corte é assentada em
Milão, nova capital.
Teodósio morreu na cidade de Milão em janeiro de 395. Foi
o último imperador que, graças à sua habilidade pessoal e sua força
de caráter, exerceu um controle sobre o Império Romano. Deixou
o poder nas mãos de seus filhos Arcádio (377 ou 378-408), em
Constantinopla, e Honório (387-423), em Milão. Apesar de nenhum
dos dois ter a personalidade ou o carisma do pai, a sucessão
transcorreu sem resistência.
Considerações Finais
Arcádio morreu em 408, e seu filho Teodósio II, coimperador
desde 402, com um ano de idade, o sucedeu. Em 423, morre Honório,
depois de um reinado de atividade nula. Em 425, Valentiniano
III, filho de Gala Placídia, irmã de Honório, é instituído Imperador
do Ocidente. Com apenas seis anos de idade, a regência coube à
sua mãe, e a partir de 433, o poder passou para o
magister militum(mestre dos soldados) Flávio Aécio. Nesse período, os Vândalos
instalaram-se no império, e os hunos cruzam as fronteiras.
A continuidade dinástica não impediu as rivalidades políticas
entre os partidários de um ou outro imperador. Mas, apesar da
pouca idade dos governantes, a influência dos seus generais e ministros
foi de suma importância para uma efêmera estabilidade política
nesses tempos extremamente difíceis para o Império Romano.
Nesse período ocorreram menos desordens do que nos anteriores.
Efetivamente após ter conhecido uma dinastia constantiniana
e uma valentiniana, o século V conhece uma dinastia teodosiana,
ambas interligadas entre si pelo casamento dos seus membros.
Começa a surgir um sentimento de lealdade monárquica,
apesar de uma série de transtornos. A melhor prova disso é que,
apesar de toda a carência militar e política, os filhos de Teodósio I
morreram de morte natural.
A ideia familiar foi suficientemente forte para que, de uma
dinastia a outra, se procurasse criar um laço por meio do matrimônio.
Valentiniano casa o filho Graciano, então como dezesseis
anos, com a neta de Constantino, de treze anos. E Teodósio, por
sua vez, desposou a filha de Valentiniano.
Lentamente, vai-se instalando nas vastas regiões imperiais um
respeito ao imperador como governante supremo. Por este motivo,
não podemos considerar completamente ineficazes os esforços das
dinastias do Baixo Império para regularizar a transmissão de poder,
uma herança que os reis medievais vão aproveitar muito bem, para
legitimar e consolidar seus reinos.
Uma nova capital é efetivada, Constantinopla, antiga colônia
grega de Bizâncio. A sua vida política, econômica e social, aos poucos
vai se fortalecendo, rivalizando com a próprio Roma. A ideia
de Constantino era enfraquecer o incontrolável Senado Romano,
estabelecer um eixo político-econômico mais próximo aos bálcãs,
protegendo a área contra uma futura invasão persa.
As bases das reformas de Constantino foram mantidas pelos
seus sucessores. A aliança com a Igreja, legítima herdeira de Cristo e
do Império, tornou-se cada vez mais forte. Com isso, está formado
uma das bases do pensamento político medieval. O Sumo Pontífice,
bispo de Roma, e as dinastias bárbaras/germânicas.
cunhagem em 310 e conseguiu estabilizar rapidamente o sistema
monetário. O
e não entre as classes mais baixas, que continuavam utilizando
moedas de bronze, cobre ou prata, que eventualmente sofriam as
devidas desvalorizações.
Em 324, é cunhado o
chegar ao valor de 1/12 do
circulação, era constituída por espécies de cobre e bronze, de peso
variável.
Constantino apoderou-se dos tesouros do antigo rival Licínio,
mas dois anos mais tarde, a maior parte das casas monetárias,
fundadas por Diocleciano, era fechada. Em 332, graças ao confisco
dos bens dos templos pagãos, foi possível reabri-las.
Na administração, ocorreram alterações significativas nas
funções. O ministro do tesouro real, o
das liberalidades sagradas